Adiar a morte para continuar lembrando
2025

Obra composta por objetos e fragmentos diversos colecionados pela artista, como:
Duas portas que pertenciam à casa de Judith Lauand, rendas, bordados sobre toalhas antigas, azulejos antigos, cerâmicas diversas, puxador de gaveta, pedras, conchas, plantas secas, miçangas e terra.
203 x 119 x 27 cm
O título do trabalho, assim como a frase contida na obra foram retiradas do livro “A Invenção da Solidão” de Paul Auster.
Coleção particular, DF
A obra é composta por fragmentos, sobras e restos de objetos do universo doméstico que se entrelaçam com elementos da natureza — pedras, conchas, sementes, galhos e plantas secas. Nos bordados feitos pela artista sobre toalhinhas antigas e um pedaço de filtro de café surgem árvores mortas ou em processo de decomposição, que se transformam em alimento e abrigo para outras espécies, além da presença de um casulo já aberto.
A composição se estrutura sobre duas portas de armário que pertenceram à artista concretista Judith Lauand, peças que seriam descartadas, mas que aqui ganham nova função e permanência. Entre os elementos visuais, aparecem também imagens de narcissus, flor que remete ao mito de Narciso: apaixonado pelo próprio reflexo, ele cai na água e, em vez de morrer, transforma-se em flor.
Todos os materiais que integram a obra são restos — evidências de ruína, matérias destinadas a algum tipo de fim —, mas que, nas mãos da artista, adquirem novos significados, convertendo-se em outras formas de vida e continuidade. A porta, que um dia foi árvore e que se tornaria lixo, ergue-se agora como portal e suporte para novas existências. O trabalho propõe um olhar sensível sobre a morte não como fim, mas como parte de um ciclo contínuo, evocando a ideia de transformação e da natureza como fluxo incessante de vida, morte e metamorfose.






